Como não gostar da dança frenética com sombrinhas coloridas que é patrimônio de Recife?
É uma energia que contagia, um estilo musical que é orgulho para a cidade e que projeta Pernambuco para o mundo.
O Frevo nasceu na década de 1930, muito ligado às classes trabalhadoras, sobretudo entre negros e mestiços. O estilo com danças acrobáticas ligadas à capoeira pode ser facilmente identificado até hoje.
Enquanto os bailes de carnaval da elite eram marcados pelas máscaras, alegorias e na construção de uma festa elegante, inteligente e culta, mas sem espaço para os trabalhadores, o frevo surgia nas ruas, com fanfarras, ritmo frenético e multidões de pedestres.
O frevo sempre foi uma manifestação de resistência, um modelo de festa que durante anos sequer foi reconhecido pela sociedade local, mas que hoje é Patrimônio Imaterial da Humanidade, de acordo com a UNESCO.
O Frevo de Recife e o Funk Carioca
Você consegue perceber as semelhanças entre o Frevo e Funk Carioca?
Ambas são manifestações que começaram nas classes populares, com pesadas críticas às festas da elite (Que no caso do funk podemos entender como as boates que não permitem a entrada de boné, bermuda ou camisas de futebol).
Trazem uma abordagem crua sobre os problemas enfrentadas nas comunidades mais pobre e entre os negros.
Estamos falando do mesmo fenômeno social. Mas com 70 anos de diferença.
Críticas ao funk
Ao mesmo tempo que o Frevo é exaltado como uma das mais importantes manifestações culturais brasileiras, o Funk é renegado à sub cultura, geralmente classificado por medalhões da música como algo ruim, de baixa qualidade e até mesmo desprezível.
Exatamente o que acontecia com o frevo em 1930.
A MPB regrediu para a fase anal
Lulu Santos sobre o Funk
Música feita para desmerecer mulheres
Fernanda Lima sobre o Funk
Mas porque visões tão extremas sobre estilos genuinamente nacionais que surgiram em contextos tão semelhantes?
O funk hoje invadiu as boates de luxo e não é mais um estilo dança da periferia. Não é praticado pelos excluídos, mas pela alta sociedade.
É a expressão cultural mais importante desde a MPB. Mas é uma mudança que incomoda. Incomoda a mim, e possivelmente a você que está lendo. Mas não incomoda Caetano Veloso, que já fez essa mesma associação em 2016:
Funk e sertanejo universitário são a nova Tropicália
Caetano Veloso
A gigante do entretenimento Netflix já percebeu a importância do Funk para a sociedade atual e muito possivelmente para as gerações futuras. Uma das produções mais recentes do portal foi uma série realizada em parceria com a produtora de funk KondZilla abordando juntamente cenário do estilo no país.