Sem dúvidas Gustav Mahler foi um dos maiores compositores clássicos de todos os tempos. Suas sinfonias são reconhecidas pelo ímpeto, pela orquestração de instrumentos que aparentemente não estão no mesmo tom e claro, pela quantidade absurda de músicos necessários para executá-las.
A 8ª de Mahler, por exemplo, é chamada de sinfonia dos mil justamente por demandar 1.000 músicos entre instrumentistas e membros do coro.
Uma grata surpresa entre as obras de Mahler
No dia 19/11/2019, no concerto de câmara da Sala Minas Gerais, uma das obras executadas foi uma grata surpresa, o único quarteto composto por Mahler descoberto até hoje.
Uma peça singela, desenvolvida pelo compositor austríaco quando tinha apenas 16 anos, mas que infelizmente não foi finalizada.
Apenas o primeiro movimento, “Nicht zu schnell” (não muito rápido) para piano, violino, viola e violoncelo foi encontrado, e dura entre 10 e 15 minutos para ser executada.
A peça é tão emblemática que fez parte do filme Shutter Island, de Martin Scorsese em uma breve discussão entre dois personagens.
A diferença de 100 anos na música clássica
Em 1960, cerca de 84 anos após a primeira execução da peça, um manuscrito contendo 24 compassos do segundo movimento foi descoberto. Apesar da incompletude da obra, houve uma tentativa de recompor essa peça única da obra de Mahler.
Um dos desbravadores dessa obra foi o russo Alfred Garrievich Schittke, que sabendo da impossibilidade de aproximar o segundo movimento do real sentimento que Gustav gostaria de ver na peça, escreveu o segundo movimento “Allegro” a estética musical de 100 anos depois.
Essa é uma oportunidade única para perceber como a música clássica evoluiu ao longo de quase um século. O movimento Allegro começa aos 11:07 e termina com os 24 compassos esboçados originalmente.