Qual a população de Criciúma?

Dê um Google!

Quanto custa um café expresso em Tokio?

Dê um Google!

Quem escreveu aquele artigo sobre os benefícios da paternidade?

Google it!

Você já percebeu como somos dependentes da gigante das buscas no nosso dia a dia?

Pois é!

Uma pessoa faz em média 8 buscas por dia no Google. No Brasil, 96% de todas as buscas são realizadas na empresa de Montain View. Nos Estados Unidos são 87%, e na Europa o buscador é tão dominante quanto.

Google Market Share

A hegemonia do Google nas buscas contextuais é absoluta! Isso sem falar nas ferramentas disponibilizadas pela gigante Mountain View!

Mas porque as autoridades não fazem nada para mitigar o poder monopolista do Google? Que tal entendermos um pouco sobre os monopólios e como eles são vistos pelas autoridades regulatórias americanas e europeias.

Monopólios: da definição a casos concretos.

Um dos grandes objetos de estudo da economia são as formações e dinâmicas de mercados. Entre elas, uma das formas com maior potencial de dano ao consumidor são os monopólios.

Mas antes disso, precisamos falar que nem todos os tipos de monopólios são necessariamente prejudiciais.

É comum existirem monopólios naturais nas sociedades, que são atividades com alto custo fixo e custo marginal baixo.

Um exemplo são as empresas de energia elétrica. Já imaginou se houvessem três empresas competindo já sua cidade? Isso significaria 3x mais fios nos postes da sua rua, uma quantidade maior de staff de manutenção, administração, cobrança, etc. Tudo isso para atender a mesma demanda que existe atualmente na sua cidade.

Neste caso, o custo final para o usuário seria MAIOR.

Quer outro exemplo? Empresas de Transporte Público. Independente se há passageiros ou não, o ônibus precisa passar naquele ponto, naquela hora marcada. Se existem duas empresas naquela linha, temos 2 ônibus, 2 motoristas, o custo unitário de cada passagem é inegavelmente maior. Neste caso, ter apenas uma empresa é melhor para a sociedade como um todo (especialmente se ela for bem regulada).

Também temos duas características importantes sobre as possibilidades de competição: se o monopólio é forte ou fraco.

Um monopólio Forte é aquele mercado que apresenta grandes barreiras à entrada de novas empresas, seja por uma necessidade exorbitante de capital inicial, expertise ou mesmo barreiras regulatórias (como as patentes).

Já a contraparte Fraca denota que apesar de existir uma clara vantagem para o detentor de maior market share, os avanços tecnológicos, aumento do mercado consumidor e mudanças de hábitos de consumo irão permitir que mais empresas entrem na competição.

Quer um exemplo? operadoras de telefonia. Nos primórdios a tecnologia era caríssima, e os usuários escassos. Fazia sentido instaurar um monopólio para garantir que o serviço fosse viável.

Entretanto, com o avanço tecnológico, redução de preços e aumento da base de clientes, outras empresas passaram a ter condições de entrar no mercado. Após uma alteração regulatória, passamos a ter diversas empresas que trouxeram importantes avanços para o setor.

De volta à regulação de monopólios…

De maneira geral, a grande questão é que um player monopolista pode se apropriar do que chamamos de excedente do consumidor. Basicamente é fazer o cliente pagar mais pelo seu produto ou serviço.

Isso acontece basicamente quando o monopólio é natural e/ou forte.

Quando o monopólio é fraco, e as empresas estão cobrando mais caro, existe um grande incentivo para a entrada de novos competidores. A expectativa de competição já é suficiente para conter os impulsos monopolistas.

De maneira geral, as autoridades regulatórias se esforçavam em combater e regular os monopólios naturais e fortes. São esses os grandes riscos à sociedade.

Talvez o caso mais famoso seja da Standard Oil, do magnata Rockefeller. Ele usava sua posição dominante para cobrar mais por seus produtos, e usava a sobra de caixa para adquirir concorrentes. Isso virou uma bola de neve até que sua empresa tinha 90% do mercado americano.

Como os campos de petróleo e as caras estruturas de produção e refino tem proprietário, uma empresa desafiante nunca conseguiria competir em pé de igualdade com a Standard Oil.

O que as autoridades regulatórias fizeram?

Desmembraram o império Rockefeller em 34 companhias independentes.

Evolução Standart Oil

Mas e o Google? Porque nenhum governo tentou quebrar o seu poder de monopólio?

Na verdade, em alguns casos específicos eles tentaram.

A condenação mais recente foi a multa recorde de 2,4 bilhões de euros por práticas desleais da ferramenta de comparação de preços Google Shopping para com os seus competidores.

Neste caso, supostamente o buscador favorecia seus resultados artificialmente, em detrimento dos demais portais de compra online.

Veja que o Google foi punido por abusar do seu poder monopolista ao promover sua própria ferramenta, e não por dominar o mercado de buscas.

A questão do market share sequer foi abordada na ação da comissão europeia, ou um possível desmembramento das atividades aos moldes do que foi feito com a Standard Oil.

A questão chave parece ser que o reguladores americanos e europeus fazem vista grossa para os monopólios desde que sua posição dominante traga bem-estar geral para os consumidores ou promova uma redução dos preços gerais da economia (Amazon, estou falando de você!)

Portanto, a minha visão é que após a condenação histórica, o Google tomará mais cuidado com uso de seu buscador para promover outros produtos da casa, e tentar assim se manter fora do radar das autoridades antidumping.

Desta forma, a empresa consegue manter sua hegemonia nas buscas. Na minha visão, não existe possibilidade de uma grande investida governamental que venha ser significativamente relevante para o desempenho da gigante digital nas buscas.

É se adaptar ao Google ou morrer na praia.

5/5 - (5 votes)

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *